Por suposto, conforme reza a cartilha do bom senso, quem
está aflito quer ser acalmado, o insone quer dormir, o desesperado quer paz, o
ocupado quer descanso, o doente quer sarar, o angustiado quer alívio. Nem
sempre. Aliás, pouquíssimas vezes. Na verdade, na maioria das vezes, quando
acalmamos alguém, ocorre desta pessoa achar que estamos subestimando sua
aflição, que não estamos levando em consideração seu sofrimento, que “pimenta
nos olhos do outro não dói”.
O insone, que acreditamos que precisa dormir, está, embora reclame, firmemente decidido a usar suas noites para tecer seus pesadelos, ao invés de entregar-se aos sonhos – que podem ser de outra ordem.
O desesperado, este que mobiliza todos ao redor com seu sofrimento atroz, pede muito mais um outro que se compadeça dele, do que um outro que lhe acene com a paz e com o abandono de seu teatro particular – cuja cena só faz sentido se expectadores se desesperarem junto.
O insone, que acreditamos que precisa dormir, está, embora reclame, firmemente decidido a usar suas noites para tecer seus pesadelos, ao invés de entregar-se aos sonhos – que podem ser de outra ordem.
O desesperado, este que mobiliza todos ao redor com seu sofrimento atroz, pede muito mais um outro que se compadeça dele, do que um outro que lhe acene com a paz e com o abandono de seu teatro particular – cuja cena só faz sentido se expectadores se desesperarem junto.