Fique tranqüilo. Não
é. Nada é “para mim”. Nem a chuva, nem a música, nem o
ódio,... nem o amor é “para mim”.
Que eu não me sinta na
obrigação de pegar nada.
Eu só pego quando eu
acho que algo é dirigido a mim. Tentarei esclarecer esse “pegar”.
É quando, diante de uma situação, eu me sinto perseguido ou
privilegiado, me sinto escolhido ou excluído. Se me sinto assim,
tenho que confrontar ou estar à altura. Tenho que dar conta ou
deixar de vez.
Geralmente, o achar que
as coisas existem endereçadas a nós faz com que nos sintamos
culpados por não correspondermos a elas ou faz com nossa exigência
aumente cada vez mais. E, na verdade, não chove para mim. Chove
apenas e a música existe, independente de mim.
O ódio, que
aparentemente se volta contra mim, é de quem o sente. O amor, que
aparentemente se dirige a mim, é de quem o sente.
Sim, há outras coisas
que eu posso “pegar para mim”. Coisas que estão no mundo e que
podem me interessar e eu posso achá-las bonitas, trabalhar com elas,
desfrutar delas. Nesse caso, isso diz respeito às escolhas que faço.
Muito diferente de algo ser endereçado a mim é a situação onde eu
escolho intervir ou me relacionar, onde eu sou responsável pelas
relações que estabeleço e tenho que arcar com as perdas e ganhos,
arcar com os impossíveis e com os limites.
EU NÃO SEI SE ESTOU À
ALTURA...
Não. Não estou. Ainda
bem.
O mundo é bem maior que
a gente. Os problemas são mais complexos que a linearidade oferecida
pelo nosso raciocínio. As circunstâncias e os acasos mais intensos
e mais poderosos que nossos controles.
E isso não é um
problema. Em si, não é. Posso fazer ser. Não é difícil. Faço
ser quando, diante da complexidade de algo, me encolho e paraliso.
Faço ser quando, assustada, aciono todos os mecanismos de controle
ao meu alcance e, então, consigo fazer um grande problema. Em
contraposição, diante da grandeza e da complexidade, posso dar tudo
de mim, mesmo “meu tudo” sendo insuficiente para remendar o
mundo. Posso, responsavelmente, tomar os cuidados que estão ao meu
alcance, mesmo sem poder garantir os resultados. Ou seja, posso
interagir com a imensidão do mundo e com o imprevisível.
Minha interação será
sempre criativa, singular, exigindo de mim apostas talvez sem
referências, movimentos sem receitas.
Elisabeth Almeida
Obrigada por tão belas e profundas palavras num momento tão especial que vivo.Gratidão.
ResponderExcluirÉ imensurável minha admiração por você.
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